jair beirola

21.3.05

Cidinei

Cidinei tinha orgulho da profissão. Era vigilante noturno. Depois que o escritório se esvaziava, se sentia o dono do pedaço.

De arma em punho, ficava de frente para o espelho simulando grandes ações contra supostos invasores. Mirava a própria cabeça no reflexo do outro lado e "pou, pou, pou!", fazia com a boca.

Certo dia, Zulmira, a copeira, se atrasou com os afazeres e ficou até mais tarde trabalhando, sem que o vigilante notasse. Cidinei, que pensava estar sozinho, colocou o espelho na posição e começou sua exibição privada.

"Pou! Pou! Tá! Tá! Pou!". Zulmira foi ver o que estava acontecendo.

Cidinei ficou pálido quando viu Zulmira entrar na sala. Sua primeira reação foi apontar-lhe a arma e mandar que encostasse na parede. Ambos tremiam. Desceu os olhos pelo corpo dela e, pela primeira vez, reparou na beleza de suas pernas sob o uniforme branco. Olhou demoradamente para seus quadris perfeitos. Percebeu os rígidos seios volumosos por debaixo da blusa. Sentiu um misto de medo e tesão. A copeira, imóvel, não conseguia emitir palavra.

Mandou que ela se virasse e apoiasse as mãos na mesa mais próxima. Aproximou-se e meteu-lhe o revólver na têmpora direita. Mandou que ficasse quieta. Subiu sua saia, afastou a calcinha de lado e a comeu violentamente.

Zulmira gemia e gritava. De prazer.

* * *

Depois de um mês estavam casados. Cidinei chegava em casa pela manhã e acordava a esposa com o pau duro, castigando-lhe a buceta. Cuspia na entrada da gruta e dava duas estocadas firmes, até que o pau se alojasse por completo. Era sua maneira de dizer bom dia. Todos os dias.

Terminada a foda, era hora da mulher se arrumar para o trabalho. Cidinei ia dormir.

* * *

Com febre por causa de uma gripe, Zulmira pediu autorização para ir mais cedo para casa. Não encontrando Cidinei, resolveu procurar a vizinha, que morava na casa da frente. Dona Helena era dona dos quatro imóveis no mesmo terreno, incluindo a edícula onde morava o recente casal.

Zulmira aproximou-se da janela, fez meia volta, foi até seu quarto, colocou um banco próximo ao armário e pegou um saco de lixo que ficava guardado sobre o móvel. Abriu o saco, retirou algo de dentro e retornou à janela de dona Helena.

O tiro atingiu as costas de Cidinei e abriu em seu peito um rombo do tamanho de uma bola de futebol. Calibre 12.

Cidinei nunca mais colocaria uma arma na têmpora de outra mulher. Zulmira era ciumenta demais.