jair beirola

25.4.05

Bom-dia, dia!

Cheguei em casa, não sei como, e tirei as chaves do bolso. Mirei no buraco da fechadura e errei. Tentei de novo e a fechadura se mexeu, mas depois eu percebi que era só algum inseto que pousou no lugar errado. Fechei um olho a fim de eliminar a visão dupla e tentei novamente. A chave não entrou. Troquei de chave, me ajoelhei e tentei mais uma vez. Não deu. Vomitei um pouco no capacho e tive a calça suja por conta dos respingos. Fiquei puto.

Me levantei, tirei a camisa, limpei a calça com ela, peguei o molho de chaves no chão, que tinha caído na poça de vômito, limpei as chaves na calça e parti para outra tentativa. A fechadura continuava implacável e não aceitou a chave. Chutei a porta, troquei de chave e tentei novamente. Nada.

Na segunda vez que vomitei estava mais esperto, por isso não sujei mais a roupa - vomitei no capacho da vizinha. Troquei novamente de chave e continuei tentando por mais uns cinco minutos, em vão. Sentei no chão para descansar e acabei de sujar a calça no vômito que já tomava conta de todo o hall.

Tentei por mais meia hora, quando finalmente dona Judite acordou e percebeu a movimentação estranha na porta do apartamento. A velha abriu a porta e deu um escândalo, mas eu não me lembro de uma palavra que ela disse. Amaldiçoei a porra da porta e fui para o banheiro tomar um banho, antes de desabar na cama.

Ao contrário do que você pode estar pensando, a intervenção de dona Judite não abalou minha auto-estima, pois sei que poderia ter ficado ali tentando por mais três ou quatro horas se fosse preciso. Afinal eu também sou brasileiro e não desisto nunca.