jair beirola

4.4.05

O taxista que sabia chupar

Taxistas são grandes oráculos de sabedoria e conhecimentos gerais. Se fossem ao Show do Milhão, aquele do senhor Abravanel, quebrariam a banca sempre.

Ontem, enquanto deslizava pela Av. Bandeirantes a bordo de um táxi, um carro ao lado emanava um sertanejo de doer os ossos, cuja letra era acompanhada pelo seu motorista, um jovem de topete e gel no cabelo.

"Olha aí, tá sofrendo por mulher.", disse o chofer.

Eu, que lia um livro, olhei de lado e não dei muita importância. O motorista do táxi continuou falando alguma coisa que não pude entender, até que ouvi, entre uma frase e outra, a expressão "chupar buceta".

Fechei o livro.

"Como?"
"Tem que chupar. Homem que chupa buceta tem a mulher a seus pés, a mulher fica doidinha atrás dele."

Que se foda Nietzsche, o papo agora era no meu idioma.

"Tem razão. Sem falar que chupar buceta é uma delícia", respondi.
"Comecei tarde com isso, só fui chupar buceta depois de trinta anos de idade. Mas de lá pra cá não parei mais. Tem uma mulher que faz quinze anos que eu não vejo, ela mora lá no Pernambuco, e você acredita que até hoje ela me liga com saudade?"

E conversamos animadamente sobre a arte de uma chupada. Expliquei-lhe algumas técnicas, ele me contou causos e quando eu achava que o assunto tinha terminado, ele fez uma ponte maravilhosa e conluiu com a seguinte pérola:

"E homem que não chupa buceta se fode. É por isso que o boyzinho lá daquele carro tava cantando aquela música de corno."