Almoço com as estrelas
Reencontrei Marta hoje, num fino restaurante dos Jardins. O cabelo está azulado, o que dificultou o pronto reconhecimento.
"Jaiiiir!" - levei um puta susto.
"O-oi. Ãin? Marta?!" - fiquei surpreso de verdade.
Me convidou a sentar à mesa junto com ela e uma amiga. Como eu estava aguardando Claudinha, não vi mal algum. É sempre assim, você não imagina a merda que vai dar e se mete em encrencas idiotas. Sentei.
Conversavam sobre um tal de Armando, um playboy do ramo têxtil, pelo que entendi. Seria o alvo de sua amiga, Geyse (com ipsilone). Achei interessante a artimanha planejada para pegarem o pato. Ao que parece, Geyse é PhD em chave-de-buceta e está precisando trocar de apartamento.
Quando já estava com a barriga cheia de pão com sardella (cadê Claudinha, porra?), pedi licença para ir ao banheiro. Quando retornei à mesa, a cena era surreal.
Claudinha abraçava efusivamente Marta, que em seguida a apresentou a Geyse. Cheguei perto nesse momento:
"Geyse, essa aqui é minha sobrinha, Claudinha."
Epa.
Quando perceberam minha presença, todas se viraram. Marta ameaçou falar, mas Claudinha foi mais rápida:
"Tia, esse é o Jair."
Foi o que bastou para que a coroa do cabelo colorido fechasse instantaneamente a cara. De olhos arregalados, começou a confusão:
"Seu pilantra, minha sobrinha NÃO! Ela é moça de família, seu cafajeste!"
Pela segunda vez na vida, fiquei sem palavras. O restaurante, que a essa altura fervilhava, parou para assistir ao show. Pouparei os detalhes do sermão por vergonha, própria e alheia.
Ainda pensei em explicar que Claudinha vinha em constante evolução, que aprendera uns truques novos e andava feliz da vida, mas Marta já estava enfiada no celular:
"Você sabe COM QUEM sua filha está saindo? É, isso mesmo. Você sabe?"
A clientela filha da puta ensaiou um coro, a princípio tímido, que foi tomando corpo:
"Porrada! Porrada!" - e eu achando que gente fina não gostasse de barraco.
Pedi licença e saí apressado. O maître já me aguardava com um táxi na porta. Preciso lembrar de deixar uma generosa gorjeta na mão dele na próxima ocasião.
"Jaiiiir!" - levei um puta susto.
"O-oi. Ãin? Marta?!" - fiquei surpreso de verdade.
Me convidou a sentar à mesa junto com ela e uma amiga. Como eu estava aguardando Claudinha, não vi mal algum. É sempre assim, você não imagina a merda que vai dar e se mete em encrencas idiotas. Sentei.
Conversavam sobre um tal de Armando, um playboy do ramo têxtil, pelo que entendi. Seria o alvo de sua amiga, Geyse (com ipsilone). Achei interessante a artimanha planejada para pegarem o pato. Ao que parece, Geyse é PhD em chave-de-buceta e está precisando trocar de apartamento.
Quando já estava com a barriga cheia de pão com sardella (cadê Claudinha, porra?), pedi licença para ir ao banheiro. Quando retornei à mesa, a cena era surreal.
Claudinha abraçava efusivamente Marta, que em seguida a apresentou a Geyse. Cheguei perto nesse momento:
"Geyse, essa aqui é minha sobrinha, Claudinha."
Epa.
Quando perceberam minha presença, todas se viraram. Marta ameaçou falar, mas Claudinha foi mais rápida:
"Tia, esse é o Jair."
Foi o que bastou para que a coroa do cabelo colorido fechasse instantaneamente a cara. De olhos arregalados, começou a confusão:
"Seu pilantra, minha sobrinha NÃO! Ela é moça de família, seu cafajeste!"
Pela segunda vez na vida, fiquei sem palavras. O restaurante, que a essa altura fervilhava, parou para assistir ao show. Pouparei os detalhes do sermão por vergonha, própria e alheia.
Ainda pensei em explicar que Claudinha vinha em constante evolução, que aprendera uns truques novos e andava feliz da vida, mas Marta já estava enfiada no celular:
"Você sabe COM QUEM sua filha está saindo? É, isso mesmo. Você sabe?"
A clientela filha da puta ensaiou um coro, a princípio tímido, que foi tomando corpo:
"Porrada! Porrada!" - e eu achando que gente fina não gostasse de barraco.
Pedi licença e saí apressado. O maître já me aguardava com um táxi na porta. Preciso lembrar de deixar uma generosa gorjeta na mão dele na próxima ocasião.